Um panorama bíblico para o trabalho em rede

Diversas características do trabalho em rede encontram apoio bíblico de forma singela, como veremos neste texto. É bom e saudável refletir biblicamente sobre nossos meios de organização e governança.

No Antigo Testamento

1. O conselho de Jetro ao genro Moisés (Ex 18)

Jetro aconselha Moisés a descentralizar a liderança do povo, bem como estabelecer corresponsabilidade dividindo tarefas com muitos outros líderes. O conjunto de doze tribos que veio se formar a partir daquele povo constituía uma espécie de rede em que cada grupo (tribo, clã), independente de seu tamanho, dava sua melhor contribuição conforme sua capacidade específica para o bem comum. Podemos compreender isso ao lermos Êxodo, Levítico e Números, especialmente.

2. Deus como rei e o povo em rede (Juízes)

Deus manteve o povo unido com base nessa estrutura de tribos, que funcionava como uma rede de serviços em que os grupos eram solidários, pois interagiam colaborando para suprir as necessidades uns dos outros, o que resultava em sustento e dignidade para todos. Os primeiros fios dessa rede do povo hebreu podem ser encontrados no período dos patriarcas, cuja tessitura passou pelos juízes, profetas, até chegar – por escolha do povo – à monarquia. As tribos optaram e insistiram em ter um rei, como as demais nações, embora não fosse esse o propósito de Deus (1 Sm 8).

No Novo Testamento

1. Jesus e seus discípulos:

• Os discípulos iam por toda parte, cada um com sua habilidade de serviço para o bem comum (Lc 10.1-24).

• Jesus trata os discípulos de maneira horizontal, não piramidal. Ele os chamou de amigos (Jo 15.15) e viveu como um deles (Jo 13.1-17).

• Jesus potencializa os recursos para o bem de todos. No milagre da multiplicação
dos pães e peixes (fato ocorrido duas vezes: MC 6.30-44; 8.1-10), há conceitos caros à ideia de rede (inclusão, transparência e solidariedade). Além disso, vemos a atitude de serviço dos discípulos na distribuição dos alimentos (Jo 6. 1-14).

2. Igrejas do primeiro século:

• Ajudavam-se mutuamente. Elas compartilhavam liderança (Pedro, Paulo, Silas serviram em diferentes missões e igrejas), pergaminhos (como os primeiros escritos do que viria a ser o Novo Testamento, que eram lidos e repassados entre as igrejas) e recursos financeiros (como igrejas da Europa que ajudaram igrejas da Judéia – 2 Co 8.1-5).

• Resolviam seus problemas de forma democrática. O episódio da circuncisão e a forma de resolver a questão pela assembleia de Jerusalém demonstram isso (At 15).

• Não valorizaram a hierarquia entre igrejas, mas sim o princípio de rede, com sinergia e potencialização de recursos. Era uma rede de fé e de serviços, de unidade na diversidade, como mostra principalmente, Atos capítulos 2 e 6.

• O alvo do trabalho das nossas redes devem ser o bem comum no atendimento
aos que mais precisam de nossos serviços, para a glória daquele que diz: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a Deus pai que está nos céus” (Mt 5.16).

 

Extraído da Cartilha RENAS Redes Sociais: o que são, por que são importantes e como começar uma rede de compromisso social.

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