O amor de Deus está (sempre) em movimento!

O amor de Deus está (sempre) em movimento!

RENAS realiza 14˚ Encontro Nacional e celebra o amor de Deus em movimento como resposta absoluta ao ódio, à violência e à desvalorização da vida

Mais de cem líderes de diversas organizações sociais cristãs se reuniram de 24 a 26 de agosto, em São Paulo (SP) para refletir, celebrar e aprender sobre o “amor em movimento” a partir da fé em Cristo e por meio do trabalho organizado e intencional de igrejas e organizações sociais.

Serviço como resposta ao amor

Na noite do dia 24, sob o tema “Respondendo ao amor de Deus”, o pastor e teólogo Valdir Steuernagel fez a abertura, relacionando amor e serviço, a partir do exemplo de Maria. Segundo ele, “amar a Deus é oferecer o nosso ventre”. “Deus não pede nada menos que tudo; e nosso ‘tudo’ é expressão do nosso amor”, disse.

Amor e violência

 



O segundo dia (25) começou com a reflexão bíblica do Pr. José Marcos, que enfatizou a necessidade de amarmos aqueles com quem servimos. A partir da experiência de Jesus com seus discípulos (“já não os chamo servos, mas amigos” – João 15.15), José Marcos também nos lembrou do episódio em que o Mestre enviou seus discípulos – de dois em dois – para pregar nas cidades da região, e como ele cuidou deles ao regressarem. “Uma instituição é a somatória da força das pessoas. Por trás de um relatório, tem gente. Somos chamados invariavelmente para animar pessoas a se juntarem numa missão. Olhamos para as pessoas, enxergamos seus chamados e somos instrumentos de Deus para animá-las”, afirmou.

Em seguida, com o propósito de fazer uma análise da atual conjuntura a partir da pergunta “Onde está faltando amor?”, Adriane Maia; cirurgiã maxilofacial e doutora em Sociedade, Violência e Saúde; e o teólogo e economista Eduardo Nunes desafiaram o público a olhar os números da violência no Brasil, mas também para além deles. Adriane mostrou o quanto os jovens, as mulheres e as crianças e adolescentes são as maiores vítimas de homicídios. “Quando uma criança morre de bala perdida, o país deveria parar, mas isso não acontece. Não podemos mais naturalizar a violência”. Para Eduardo, a morte de uma criança não comove porque, na verdade, ela não tem valor para a sociedade. “Para a sociedade, só tem valor quem pode ser precificado, não importa quem ou o que seja”. Adriane pergunta: “onde está faltando amor?”. E ela mesma responde: “Onde está faltando amor é onde Jesus está agora. Deus está lá naquele território empobrecido e nós temos que ir atrás de Jesus porque ele já está lá”. 

A programação da sexta-feira contou ainda com relatos de boas práticas e três oficinas com os seguintes temas: “Terapia Comunitária”, com Roselly C. de Faria, “Práticas Contemplativas”, com Erika F. M. Nakano, e “Estresse Organizacional”, com Paulo Moreira. Houve ainda uma diversificada apresentação das redes temáticas e regionais da RENAS. 

À noite, Silvia Kivitz e Marcel Camargo refletiram sobre a importância da história da RENAS nesses seus 20 anos de existência. Usando a metáfora dos “nós”, Silvia ressaltou como a dimensão coletiva e comunitária da RENAS é base para sua continuidade. “Ser ‘nós’ é subversão do individualismo. As nossas diferenças nos distinguem, mas não nos distanciam. Afirmamos os nós da comunhão, afinal, são os laços refeitos que geram vida”.

Marcel lembrou a experiência do Jesus ressurreto na praia do mar de Tiberíades com os seus discípulos. Ele listou quatro verbos que nos chamam para responder ao amor de Jesus: simplificar, revisitar, confrontar e desencanar. “O amor em movimento é um amor simples, sem burocracia; Jesus nos chama para olhar novamente, para nos abrir a novas aprendizagens; somos confrontados com as intenções mais profundas de Jesus; e, por fim, é o Espírito Santo quem nos guia”. 

 

Amor, não dominação

O terceiro e último dia (26) foi encerrado com a Santa Ceia ministrada pelo Pr. Valdir Steuernagel. Mas antes o pastor e teólogo Vladimir de Oliveira – que pastoreia comunidades no Jardim Gramacho, onde existiu o maior lixão da América Latina – refletiu sobre o impacto do amor de Deus a quem servimos. Questionando o paradigma ocidental de dominação, Vladimir trouxe três princípios balizadores do amor de Cristo:
1) quem ama é acessível;
2) quem ama se coloca no lugar do outro
3) quem ama não controla. “O amor é uma ação, nunca um sentimento”, lembrou.

Ainda tivemos um tempo de compartilhamento de experiência de três jovens líderes que, por meio da atuação social, têm feito diferença em seus contextos. Respectivamente, com refugiados (Como Nascido Entre Nós), no cuidado do planeta (Nós na Criação) e no socorro a moradores de rua (São Paulo Invisível).

Durante a Santa Ceia, Valdir pediu aos participantes que escolhessem palavras-chaves para o que experimentaram e sentiram ao longo dos três dias. Reconexão, perseverança, nós, amor incondicional, pertencimento, esperança, compaixão foram algumas das palavras citadas. Após a dinâmica, dois jovens foram convidados a servirem os elementos ao grupo. 

Lembrando o poder da presença de Jesus, Valdir encorajou mulheres e homens a também praticarem a presença plena em cada instante de suas vidas, reverenciando a companhia da Trindade e a vocação de sermos testemunhas de Cristo no mundo por meio da prática dos valores do reino. 

Emocionados, os participantes do 14˚ Encontro Nacional da RENAS se abraçaram e se despediram na certeza de que o compromisso de cada um foi fortalecido e renovado pelo amor de Deus, que está (sempre) em movimento.

 

Somos resposta ao amor de Deus

Como participante do encontro, eu posso dizer que sai com o coração aquecido pelos relacionamentos e a mente desafiada pela realidade social violenta de nosso país. Reafirmamos o compromisso de viver o “amor em movimento”, em unidade na diversidade, como testemunho do poder do Evangelho de Jesus Cristo, amando com quem e a quem servimos. 

Que nunca esqueçamos: somos a resposta do amor de Deus no mundo! 

  • Escrito por Lissânder Dias, Jornalista, editor, poeta e cronista.

 

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