ACRIDAS: uma história longa e próspera.

ACRIDAS: uma história longa e próspera.

ACRIDAS é daquelas instituições cuja história se confunde com a de uma pessoa, e não há como separá-las.

Na década de 1980, o então recém-formado em Administração, Gerhard Fuchs, atual membro do Conselho Gestor RENAS, alinhava numa máquina de escrever em parceria com a estudante de serviço social, Carin Muller, seu projeto de acolhimento de crianças abandonadas: Associação Cristã de Assistência Social que perdura até hoje, e muito conhecida pelo acrônimo ACRIDAS. Lá se vão 34 anos a serem celebrados no próximo dia 10 de agosto. Daquela pequena assembleia que oficializou sua criação “ainda lembro até hoje do local, das pessoas, do clima. Foi especial. Formamos uma diretoria provisória por um ano da qual fui eleito o primeiro presidente.” Concretizava-se naquele distante agosto de 1984, o seu sonho de ver acolhidas com dignidade, crianças e adolescentes que acostumara a ver cheirando cola e vivendo sem rumo e sem futuro na Praça do Cemitério Municipal de Curitiba.

No entanto, ACRIDAS não nasceu de um devaneio ou inspiração momentânea. Na verdade, em 1974, Gerhard tivera uma profunda experiência com Deus, e a partir dali, com outros jovens dispostos, começou a servir os desvalidos. Motivados pelas iniciativas do seu grupo de mais de cem jovens da igreja do Cristianismo Decidido e de outras denominações, daqueles encontros ali na igreja da praça partiam para realizar ações de cunho social pelo desejo de servir a Deus e ao próximo. “ Cantávamos para velhos, visitávamos doentes, presos, crianças em orfanatos e íamos aonde achávamos importante ir”, conta Gerhard.

O contato com as crianças de 9 a 13 anos, cheiradores de cola, começou pela percepção de que eles estavam mais próximos do se imaginava. Gerhard, que à época, morava no porão da casa do pastor, que ficava ao lado do templo, narra sua perplexidade: “Convidei-as a vir, entrar no templo, e a frequentar as reuniões, sem saber onde estava me metendo, convidava os meninos para tomar banho, comer e dormir. Tomaram conta do templo e da casa. Dormiam ao relento, do lado de fora, no jardim, em qualquer lugar. Virou ponto de encontro e moradia deles. Não tomavam banho, cheiravam mal. Faltava higiene. E o pior, não tinham limites, principalmente quando cheiravam cola. Esta não poderia ser a maneira certa de lidar com este tipo de criança. Não era daquela maneira que eles iriam sair das ruas. Não sabia como lidar com a situação. ”

Então sugiram pessoas importantes no seu caminho como a assistente social que estagiava num Lar de meninos, e um casal de empresários, donos de uma construtora, Gunther e Ursula Algayer. Ela havia recebido um terreno de herança, e estava disposta a doá-lo para um trabalho que favorecesse as crianças. Eram cerca de 30.000 m², no bairro do Bacacheri. Até hoje ACRIDAS está nesse terreno, agora com 6 casas-lares e uma estrutura administrativa para acolher provisoriamente até cem crianças, um berçário e novas construções. Em mais de 30 anos, algo em torno de duas mil crianças já passaram pela instituição.

Depois de várias gestões, Gerhard é, novamente, presidente da ACRIDAS e o casal doador do terreno, hoje já idoso, ainda é membro do Conselho e participa ativamente de Assembleias. Com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1991, a ACRIDAS, que havia sido pioneira na implantação do sistema de abrigamento em casas-lares em Curitiba, evoluiu na concepção do que é melhor para as crianças acolhidas, e está agora investindo na implantação do Programa Família Acolhedora, ou seja, migrando do Acolhimento Institucional em casas-lares para o atendimento no seio de uma família, e para isso já capacitou cinco famílias para receber crianças e adolescentes. É a primeira organização social de Curitiba a implantar o Programa. A partir de julho deste ano, ACRIDAS investe no Centro de Combate à Violência Infantil (CECOVI), uma forma prática de ajudar a criança ou adolescente vitimado e à família que sofre desse mal através de apoio jurídico, psicológico e de assistência social.

A maior parte do sustento da ACRIDAS vem de convênios, e o restante de doações de pessoas físicas e jurídicas.

ACRIDAS ainda leva o lema que Gerhard criou na juventude: “Mudando o presente, ​olhando para o futuro”.

Autor: Gullherme J. Filho – Coordenador de Comunicação da ACRIDAS

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