A maneira como fazemos as coisas importa para Deus.
Frase de Bebeto Araújo, na palestra Metodologia Diaconal, ministrada durante o 11º Encontro Nacional RENAS, realizado entre os dias 18 e 20 de outubro. Com autorização do Bebeto, reunimos os pontos da apresentação para compartilhar com toda a nossa rede.
A palavra “método” vem do grego meta + hodos e significa viajar ou seguir um caminho. A metodologia presta atenção à maneira como se usa um método para alcançar um objetivo específico. Para a prática diaconal, a questão da metodologia é fundamental.
O método diaconal pode ser implementado em 5 etapas:
Aproximar-se da Realidade
Jesus andava na comunidade porque o seu território geográfico era o seu campo de missão.
O cumprimento da missão sempre demanda mobilidade, sempre nos faz sair da nossa zona de conforto.
A fé possui uma função pública, por isso precisa ser vivida para dentro da história. Jesus nos ensina que o espaço por excelência do exercício da fé se encontra na realidade do cotidiano.
Ouvir as pessoas
Este é uma etapa fundamental: ouvir as pessoas que queremos servir. Isto demanda relacionamento.
Portanto, não acontece “em volta dos púlpitos”, acontece “em volta da mesa”.
Nosso modelo é Jesus de Nazaré, que pergunta ao próximo o que ele quer:
E Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Mestre, que eu tenha vista. (Mc 10.51)
Conhecer a realidade
É necessário o Mapeamento de Potencialidades e Recursos da Comunidade e o Mapeamento de Necessidades e Deficiências da Comunidade.
Discernir a realidade
Com as informações coletadas em mente, vamos à Palavra de Deus. Daí nasce o diálogo entre o texto bíblico e o contexto.
Desta forma, iluminados pela Palavra e pelo Espírito Santo, teremos clareza para discernir não apenas os sintomas da pobreza, mas, sobretudo, as suas causas.
Perguntas que surgem no processo…
• Por que as coisas estão assim?
• Por que tantos internalizaram a ideia de que são pessoas sem valor e incapazes?
• Por que as famílias estão nesta situação?
• Precisaria ser assim?
• Poderia ser diferente?
• Que tipo de ação diaconal poderia ser uma resposta relevante neste contexto?
Agir para transformar
Precisamos ser capazes de pensar sobre essas questões e responder a elas biblicamente.
A transformação é um processo contínuo de rejeição daquilo que desumaniza e profana a vida, e de adesão àquilo que reafirma a santidade da vida e o desejo de Deus reconciliar o mundo consigo, por meio de Cristo, restaurando a paz e a justiça (Jo 10.10; 2Co 5.17-21; Ef 1.10; Cl1.20; Rm 8.21; 2 Pe 3.13).
Essa perspectiva da diaconia transformadora rejeita o conformismo e entende que o evangelho que acomoda as pessoas não é o Evangelho de Jesus de Nazaré.
E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Rm 12.2)
A Verdade liberta!
Um ponto central para transformação de uma comunidade é a recuperação da verdadeira identidade dos pobres. Nenhuma transformação é sustentável a menos que este entendimento distorcido da identidade, que priva o pobre de poder, seja substituído pela verdade – vocês têm valor e dignidade sim, pois foram criados à imagem e semelhança de Deus.
Restaurar a identidade ferida dos pobres é o começo da transformação. Não subestime o potencial transformador das pessoas que vivem na periferia.
A diaconia é encarnação do amor de Deus pelo mundo através de ações humanas. – Bebeto Araújo