Uma plataforma com cenários digitais lançada, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em Curitiba, ajudará instituições de toda a América Latina e Caribe a trabalhar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente com o público de crianças, adolescentes e jovens.
Uma plataforma com cenários digitais em 3D ajudará instituições de toda a América Latina e Caribe a trabalhar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente com o público de crianças, adolescentes e jovens. A ferramenta lançada hoje, 27 de fevereiro, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em Curitiba, é uma iniciativa da Campanha “Nossos objetivos, novas possibilidades”, promovida pela coalizão nacional Ciranda 2030, Fundação Marista Internacional de Solidariedade(FMSI) e o Movimento Mundial pela Infância – América Latina e Caribe.
Durante o lançamento, os especialistas Heloisa Helena Silva de Oliveira, representante da sociedade civil na Comissão Nacional para os ODS, Viviane Silva, diretora educacional da Rede Marista de Solidariedade e Flavio Debique, gerente de estratégias de programas na Plan International Brasil trataram de três Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: ODS 16, meta 16.2 (violências contra as crianças), Educação de Qualidade (ODS 4) e Igualdade de Gênero (ODS 5).
Flavio Debique, gerente de estratégias de programas na Plan International Brasil, ao ministrar sua fala sobre o ODS 5 sobre a Igualdade de Gênero, afirmou que “partimos do ponto de que se uma menina pode andar sozinha numa rua à noite, todos podem! Sabemos que existem desigualdades, nem todos são iguais, mas queremos um mundo mais justo. Queremos que as mulheres tenham os mesmos futuros que os homens”. Lembrou que a desigualdade de gênero não começa na vida adulta. Ela perpassa durante toda a infância e adolescência e se perpetua na vida adulta. Ressaltou que a participação plena em cargos eletivos e a acesso universal a saúde reprodutiva não se reflete nos direitos de acesso a políticas. Considera que é necessário reformas para dar direitos iguais às mulheres. Fazendo um levantamento dos dados brasileiros, o especialista lembrou que o Brasil é o quarto país no ranking de casamento infantil e isso reflete que, no país, 36% da população feminina se casa antes dos 18 anos. Outro tema tratado por Debique foi sobre a educação brasileira. “Temos uma paridade na inserção das meninas e meninos nas escolas, porém, devemos entender os motivos pelos quais eles a deixam. As meninas deixam, em maioria, por causa de gravidez na adolescência e os meninos para se dedicarem ao trabalho infantil. O importante é lembrar que um mundo bom para as meninas é um mundo para todos nós e elas devem ser tratadas em todos os 17 objetivos” afirmou.
A assessora de missão/solidariedade da UMBRASIL, Eulália Sombra, considera que a ferramenta contribuirá para a participação dos sujeitos de direitos para incidência política e para defender a promoção de direitos humanos, que é condição sine qua non para um movimento mais orgânico no monitoramento de quaisquer retrocessos de direitos humanos, em especial de crianças, adolescentes e jovens. A representante do tema ODS da Fundação Marista Internacional de Solidariedade, Juliana Buhrer, afirma que a Campanha Nossos Objetivos, Novas Possibilidades busca promover uma reflexão crítica com as crianças, adolescentes e jovens sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, na perspectiva de promover a participação infantil e juvenil na discussões e proposições de soluções para as transformações locais.
Para o representante da Visão Mundial, Wellinton Pereira, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável devem ser ferramentas de mudanças na sociedade. “Temos que ter a noção de que eles sejam instrumentos de ligação entre pessoas e que não faz sentido pensarmos estes objetivos se não houver mudanças”.
FERRAMENTA
A proposta dos cenários é apresentar duas situações: a de um contexto a ser superado e outra com elementos em que os direitos das crianças, adolescentes e jovens estão sendo garantidos, remetendo ao cumprimento das metas dos ODS. A plataforma oferece interação com os cenários virtuais, permitindo girá-los em 360 graus, aproximar dos personagens e dos detalhes da cena e ter acesso a diferentes dados sobre o tema.
A cada três meses, novos cenários devem ser incluídos na plataforma. É possível também baixar e utilizar várias peças online, como banner, wall paper, webcards para redes sociais e carta explicativa.
A plataforma estará disponível à sociedade e poderá ser usada em escolas (públicas e privadas), ONGs, movimentos sociais, universidades e outras organizações da sociedade civil e governamentais que possuem iniciativas em torno dos ODS. A ferramenta foi produzida em quatro idiomas: português, inglês, espanhol e francês.
Acesse a plataforma em: www.nossosobjetivos.com.br
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ODS
Os ODS são uma agenda mundial que foi adotada por 150 países durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, em setembro de 2015. Também chamado de Agenda 2030, o plano partiu dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e resultou em 17 objetivos e 169 metas. Saiba mais em: nacoesunidas.org/pos2015/
Durante o período da tarde, dando prosseguimento ao dia de discussões, ocorreu na Escola de Negócios PUCPR a apresentação da coalização Ciranda 2030 para as organizações presentes ao lançamento da campanha. A intencionalidade é prospectar a ampliação da participação das organizações neste trabalho em rede, com objetivo de: a) estruturar um sistema de monitoramento das metas e dos objetivos da infância e adolescência nos ODS para a sociedade civil; b) construir diálogo com representantes governamentais para propor e fomentar ações, programas e políticas publicas focadas na promoção e efetivação dos direitos de crianças e adolescentes, em nível nacional e subnacionais, a partir do compromissos assumidos nos ODS e expressos nos objetivos e metas priorizadas pela Ciranda 2030; c) incidir sobre a adaptação de metas e indicadores nacionais priorizadas pela Ciranda 2030; d) mobilizar influenciadores e formadores de opinião para qualificar o debate sobre os objetivos e metas priorizadas pela Ciranda 2030 e a agenda pública para infância e adolescência; e) promover a participação de crianças e adolescentes nos debates acerca da implementação das políticas focadas nos objetivos e metas priorizadas pela ciranda 2030; f) disseminar a informação para o publico em geral e atores-chave no processo de implementação como gestores públicos, organizações, universidades, movimentos, e o setor privado, por meio de ações de Comunicação e campanhas.