RENAS Rio: Impacto e transformação no primeiro fórum sobre Violência Contra a Mulher

2017 é o ano escolhido por RENAS Rio para ser de muito diálogo com as igrejas e comunidades sobre assuntos de extrema importância para o Reino de Deus. Reino este que é de de paz, justiça e alegria. Com uma proposta de trabalhar sobre o tema Igreja Urbana, várias ações estão sendo planejadas e executadas. Uma delas foi desenvolvida pelo GT de Fóruns – RENAS Rio em 03 de fevereiro, na Igreja Metodista da Cidade de Deus. Articulado pelo integrante do GT, Ras André Guimarães, aconteceu o primeiro Fórum sobre Violência Contra a Mulher. Fortalecendo assim, o ideal de organizar eventos sobre temas relevantes para a igreja brasileira.


À convite de RENAS Rio, a Bispa Marisa de Freitas, presidente da Região Missionária do Nordeste (REMNE) da Igreja Metodista, veio diretamente de Recife para palestrar. Com muita propriedade, fez uma exposição bíblica da violência que a mulher sofre a partir dos abusos sofridos por Tamar (II Samuel 13): “Mesmo sendo filha do rei Davi, Tamar não ficou imune a violência: sofreu violência por ser uma mulher, por ser bonita, prendada, quebrando o mito do perfil das mulheres que sofrem abuso sexual. Ela foi violentada sexualmente por seu irmão e foi ainda ordenada a se calar sobre o incesto, que não teve nenhum julgamento do rei Davi, que ao contrário, não fez absolutamente nada contra o agressor ou em socorro da vítima.” – relatou a Bispa durante a exposição.

Marisa expôs a importância das mulheres não se calarem frente a violência e a igreja como voluntária para a escuta, o acolhimento e a denúncia contra a violência.

Luciana Falcão, da Lifewords-Projeto Calçada e RENAS Rio,  também convidada para compor a mesa, baseou-se no livro Até Quando – O cuidado pastoral em contexto de violência contra a mulher praticada por parceiro íntimo, da editora Ultimato. O processo de exposição de Luciana abordou pontos como: o ciclo da violência sofrida pela mulher (acúmulo de tensão, explosão violenta e período de calmaria); as ações possíveis dos homens violentos e reações das mulheres em cada uma das fases; a violência contra a mulher como pecado e crime, segundo a lei Maria da Penha (lei nº 11.340/06).

Luciana ainda ressaltou “que a violência contra a mulher é um comportamento aprendido. Uma questão de escolha e oportunidade. E que, a igreja pode exercer um papel muito importante na construção de uma cultura de não violência contra a mulher. Ainda mais segundo dados recentes, que apontam que as mulheres evangélicas representam 40% das mulheres que sofrem violência no Brasil.”

Liz Guimarães, pedagoga, voluntária na Casa Mãe Mulher e RENAS Rio, mediou o debate, dando oportunidade para perguntas e reverberações das falas das palestrantes.

“Exemplos próximos foram citados por mulheres que trabalham com vítimas de violência e falou-se da necessidade de elucidar nas igrejas o significado da submissão feminina que a Bíblia fala e que erroneamente é usado para reforço da violência que a mulher evangélica vem sofrendo.” – explica Luciana.

A participação do público, formado por maioria feminina, contou com bom número de homens que lamentaram a situação e se comprometeram a se envolver na promoção dos valores cristãos da dignidade da pessoa humana, especialmente das mulheres e, que levarão esse assunto para debate em suas igrejas locais. O Pr. Luciano, anfitrião do evento falou sobre a importância de um acompanhamento pastoral desde o namoro com os casais. Aline, esposa do pastor Luciano, exemplificou a prática através de encontros que realiza com o grupo de mulheres proporcionando fortalecimento da autoestima como meio de prevenção a violência.

Os presentes foram incentivados a denunciar os casos de violência, discando 180 ou indo a uma Delegacia da Mulher. Os organizadores orientaram “que a lei não trata apenas de violência física ou sexual, mas também psicológica e de danos morais ou patrimoniais.”

O grupo presente orou pelas mulheres vítimas de violência, para que Deus lhes dê o escape e aponte um caminho. Não só por elas, mas também pelos homens agressores. Para que estes se arrependam de toda a injustiça e pecado cometido e aprendam, a partir de Jesus, como se relacionar com as pessoas. Lembraram também da igreja, para que seja uma comunidade acolhedora de voz profética contra o pecado e injustiça.

“Quando terminou o evento uma jovem mãe veio até a Bispa Marisa e eu para agradecer pelas palavras: ‘Eu quero agradecer pelas palavras que ouvi de vocês hoje. Eu sofri violência pelo meu marido que me agrediu e me ameaçou com uma faca na frente dos meus filhos. Eu saí de casa, procurei a justiça e fiz a denúncia. A justiça obrigou que ele saísse de casa e estou com meus filhos novamente. Isso faz uma semana. Mas estava confusa, pois pessoas da minha igreja tinham me dito para que eu perdoasse o meu marido e voltasse para ele porque a Bíblia diz que é até que a morte os separe. Eu vim aqui para ouvir outra coisa diferente, para ouvir Deus falando comigo.’ Pudemos conversar mais um pouco com aquela irmã nossa, jovem evangélica e mãe de 3 filhos. Fosse apenas por ela, já teria valido a pena a realização do fórum.” – testemunhou Luciana Falcão.

 

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