RENAS no CONSEA – “Tive fome e me deste de comer”

RENAS no CONSEA – “Tive fome e me deste de comer”

A Celebração da saída do Brasil do mapa da fome pelo olhar de Tania Wutzki

Nesta semana, RENAS esteve representada por Tania Wutzki nas plenárias do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) e na celebração da saída do Brasil do Mapa da Fome, em Brasília. O evento, realizado no Palácio do Planalto com a presença do Presidente, ministros, conselheiros e conselheiras, marcou um momento histórico: em apenas dois anos, o país alcançou uma melhora significativa no combate à fome, resultado de políticas públicas consistentes e do engajamento da sociedade civil.

No Brasil, a fome e a insegurança alimentar passam por altos e baixos, com períodos de melhora e piora. Após sair do Mapa da Fome da ONU em 2014, o país retornou ao mapa em 2019 e permaneceu até 2022, mas registrou uma queda significativa em 2023, com 24,4 milhões de pessoas deixando a situação de fome. Essa redução foi impulsionada pela retomada de políticas sociais e programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, e pelo lançamento do Plano Brasil Sem Fome.

Tania junto com outros conselheiros no evento de celebração da saída do Brasil do Mapa da Fome. Ela é a segunda da esquerda para a direita.

Para Tania, o feito é ainda mais relevante diante do cenário global apresentado no Relatório SOFI 2024, que mostra que o mundo está distante de cumprir até 2030 o ODS 2 cuja meta é de erradicar a fome. 

“O Brasil pretendia alcançar essa meta até 2026, mas chegou lá em 2024. Isso mostra que aprendemos o caminho e sabemos o que fazer para nunca mais voltar ao Mapa da Fome”, afirma. 

Ela reforça que menos famílias têm hoje a fome como parte de sua realidade e que o direito humano à alimentação adequada e saudável se tornou realidade para mais pessoas.

Apesar do avanço, Tania levanta alguns desafios importantes: “Ainda temos cerca de 7 milhões de pessoas em insegurança alimentar. Precisamos chegar até elas com políticas públicas que reconheçam sua dignidade e garantam acesso a direitos.” 

Por outro lado, ela afirma, “Temos o desafio das mudanças climáticas que já afetam e afetarão ainda mais, especialmente os pequenos produtores da agricultura familiar,  com secas mais intensas, chuvas menos regulares mas intensas e temperaturas elevadas que inviabilizam algumas culturas. A inflação dos alimentos já é um dos fatores que colocam em risco a segurança alimentar no mundo e também por aqui. Inflação, todos sabemos, tem uma ligação óbvia com as mudanças climáticas –  a oferta de alimentos diminuída gera aumento dos preços. Nosso desafio como nação é: apoiar estes pequenos produtores e termos uma transição e adaptação que tenha a justiça como parâmetro. 

Para RENAS, o tema é profundamente relevante. Tania observa que as organizações da rede já atuam na segurança alimentar por meio de projetos sociais, ações de igrejas e iniciativas individuais de cristãos que vivem sua fé servindo quem tem fome. “Mas podemos fazer mais”, destaca. Ela aponta que fortalecer os conselhos municipais de segurança alimentar e monitorar a execução de políticas como o PNAE, o Plano Brasil Sem Fome e o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional são passos estratégicos. 

“É no município que direitos são garantidos ou violados, e a participação social é um caminho para exercer cidadania e, como cristãos, viver o ‘Tive fome e me destes de comer’ – não só em ações emergenciais, mas também por meio de políticas públicas que garantam renda, trabalho, terra, educação e dignidade.”

O Evangelho nos lembra que cuidar dos famintos é parte central da missão cristã, e isso dialoga diretamente com o ODS de erradicação da fome. Jesus nos chama a enxergar no próximo a sua imagem e a agir com compaixão prática, transformando fé em ações concretas. Assim, ao contribuir para que todos tenham acesso a alimento saudável e digno, não apenas respondemos a uma meta global, mas também vivemos de forma integral a boa nova do Reino de Deus.

Referências:

Acesse aqui os dados oficiais emitidos pela ONU através do Relatório SOFI 2025:
https://openknowledge.fao.org/items/ec3dbd70-164c-483d-9fa2-2346284d67c8

E veja a análise do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome:
https://www.gov.br/mds/pt-br/noticias-e-conteudos/desenvolvimento-social/noticias-desenvolvimento-social/brasil-sai-do-mapa-da-fome-da-onu-conquista-historica-reflete-politicas-publicas-eficazes 

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